terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Chega de hipertrofiar os músculos e atrofiar o cérebro!

Saudosismo...
Meu pai veio ao Brasil aos 16 anos e possuía o dom de línguas. Fora o idioma natal, o grego, foi auto didata e aprendeu sozinho mais uns cinco idiomas. Lê e escreve bem esses idiomas. Inclusive o nosso português, que junto do grego e do francês, é um dos mais difíceis. Eu estudei em ótimas escolas, na melhor universidade do país e herdei dos pais o gosto pela leitura. Falo bem e escrevo melhor. Alguns erros acontecem, mas são raros. Já adulta descobri que ler e escrever bem não é só para quem teve a oportunidade de estudar nas melhores escolas e faculdades. Escreve bem quem lê. Durante a faculdade dei aulas para auxiliares de enfermagem, tive alunos que vieram de escolas particulares, alunos de escolas públicas e me causou admiração um aluno, ajudante de pedreiro, que escrevia muito mal, e ao perguntar o que fazer para melhorar, lhe respondi que comprasse o jornal Estado de São Paulo de Domingo e que o copiasse da primeira até a última letra. O pobre rapaz gastou cadernos e canetas e fez isso. Ao final do curso ele tinha um português perfeito e ótima letra.
Namorei um homem mais jovem que chegou a cursar um ano de faculdade. Falava e escrevia mal. Isso não me admirou muito, pois lamentavelmente tenho colegas de profissão, universitárias, que quando escrevem me causam vergonha. Vergonha alheia. Não entendo, pois em todos os vestibulares há provas de redação. E pessoas que não sabem escrever bem, não deveriam ser aprovadas. Preconceito meu? Podem chamar do que quiser. Mas, se um ajudante de pedreiro, com pouca escolaridade conseguiu aprender a ler e escrever bem em um ano, qual é a grande dificuldade??? O que ele fez? Leu, leu e leu.
Tão logo meus filhos nasceram comecei a comprar e a ganhar livros infantis, os quais lia para eles até o momento em que alfabetizaram. Na minha casa há a regra da leitura diária. Pode ser gibi da turma da Mônica, para não ficar muito massante! Nas suas lições exijo respostas longas, detalhadas e bem explicadas. A Mel gosta, já pede livros de presente. Mas os meninos... eu obrigo.
Alguns reclamam que escrevo demais, grandes textos, mas eu não me importo. Lê quem quiser... mas eu escrevo e leio e reflito.
Quem não lê e não escreve não reflete. Eu escuto a rádio CBN, a rádio Estadão, a rádio USP, os noticiários da rádio Jovem Pan no trajeto de ida e volta ao trabalho. Eu sou leiga em assuntos como política e economia, pois, por mais que você busque a informação, você não consegue estar informado sobre tudo. Mas ao menos eu tenho um senso crítico, não saio por aí vomitando asneiras feito uma imbecil.
Participo das redes sociais, como todo mundo nos dias de hoje e me aborrece muito os comentários escritos num português péssimo, comentários vomitados sem nenhuma reflexão, sem crítica. Pessoas semi alfabetizadas que assistem jornais sensacionalistas como Cidade Alerta e Brasil Urgente e engolem matérias tendenciosas, espetáculos de aberrações, e tecem comentários toscos a respeito de assuntos que nunca se aprofundaram! Parecem papagaios!
Para o mundo que eu quero descer!!!
Não me venham falar que faço parte de uma elite!!! Fiz parte, agora as coisas mudaram, trabalho feito uma louca para pagar impostos e sustentar meus filhos! Meu pai aprendeu sozinho a ler e escrever cerca de cinco idiomas! Tudo bem, ele tinha um dom, uma facilidade maior que os demais, mas se um pobre ajudante de pedreiro pseudo alfabetizado conseguiu e se tornou uma pessoa com melhor visão de mundo, por que os outros não podem? Leiam! Leiam livros, leiam jornais de bairro, ouçam os noticiários de rádio!!!
Vão encontrar aqui falhas gramaticais, como minha mãe no passado, estou penando para aprender a nova gramática implantada em 2009 e dizem que ainda haverá outra reforma para este ano. Mas eu não desisto.
O que os governos buscam é exatamente isso: pessoas semi analfabetas, sem senso crítico, que aceitem todo o tipo de corrupção e aumento de juros e impostos. Coisas que não ocorrem em países onde há educação. Se o governo não lhe oferece, busque! Temos bibliotecas municipais, estaduais, federais, sebos! Aqui em casa somos traças de sebos!

Outra coisa que ajuda muito é conversar com os mais velhos, sejam eles estudados ou não. Eles viveram a história, eles tem muitas coisas para contar. Escute generosamente as histórias de um idoso. Eu sempre gostei de ouvir as histórias de meus pais, de minha avó paterna, eles contavam e repetiam as mesmas histórias com riqueza de detalhes.
Chega de tanta ignorância, chega de crescer os músculos e atrofiar o cérebro!!!

Um comentário:

  1. Parabéns pelo texto! Nossa mãe nos deu o gosto pela leitura. Neste país, se valoriza a juventude, a beleza e o sexo. Ótimo, a juventude é uma delícia, o belo é admirável e o sexo é prazeroso. Mas a juventude passa, o belo acaba, o sexo diminui pelo longo dos anos... mas a inteligência, o crescimento da cultura, esse vai com você até após o fim da vida... Além disso por que não valorizar o velho? Começa pela roupa, nada mais gostoso do que aquele pijaminha velhinho e macio... |Pessoas: quem tem um idoso em casa tem riqueza de amor, de sabedoria, de vida...

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